27.12.11

.:: Galut ::.

Em sincronicidade com o mundo

Me exilo entre quatro paredes com vista para a montanha,

E você, parece que se engana,

Guardando silêncio e voando pra tão longe.

Sei lá, parece que se esconde...


Mas com tudo isso...

Vale a pena o remelexo, deste tempo de torpor.

Vale a pena o mexerico, deste tempo de amor.

Vale a pena o maçarico, deste tempo de ardor.


De verdade, sinto falta de você!

E me soa tão bonito remexido te ver,

Me soa tão poético seu eu precisar do meu ser;

E nos soa até sintético esse brincar de não querer.


Mas valeu a pena ver:

Teu jeito tão sereno transformado de temor,

Teu jeito tão seguro, agora jururu de elevador,

Teu rosto tão mudado, tomado de segredos,

Teu jeito tão sincero, agora revelado e recatado de amor.

26.12.11

.:: De quando em quando .::

Eu não dei por acabado você!

Sou Dirceu de Marília,

Faço votos secretos com Chico,

Dispo do destino

Me despindo dos segredos.

De quando em quando te espero;

E não nego:

Não te dei por acabado!

É ainda a melhor obra prima

De minhas mãos, meu coração,

Minha projeção.

Não te dei adeus atrás da porta,

Não dividi meus discos e lençóis.

De quando em quando te espero,

Repenso, revivo, me demoro...

Sou ainda Peri de Ceci,

Não dei por acabado você!

Ainda é pedra bruta, madeira fria,

Argila a moldar...

Não te fiz pra mim,

Nasceste assim...

Na medida de um sonho antigo.

E te tempo em tempo,

De quando em quando,

Te faço acabar, finalizar,

Lavar, fechar e guardar...

Por ora, me nego a confessar:

Que o que não está acabado,

Acabado está!

22.11.11

.:: Quando eu for mar .::


Quando eu for mar,

As lágrimas irão dar o sal

E todos os rios, sem distinção, irão me encontrar.

Quando eu for mar...

6.9.11

.:: PRA VOCÊ QUE TEM MEDO QUE EU VÁ ::.










Pra você que tem medo que eu vá

Eu fico, me ramifico.


Pra você que tem medo que eu vá

Eu frutifico e me isento dos vícios.


Pra você que tem medo que eu vá

Eu encontro um gesto novo pra amar.


Pra você que tem medo que eu vá

Eu permaneço, incrustando idéias de ar.


Pra você que tem medo que eu vá

Eu pouso devagar, calidamente, sem apontar.


Pra você que tem medo que eu vá

Eu desponto como sol abraçando o novo dia que virá.


Pra você que tem medo que eu vá

Eu peço: permaneça e averigue todo o real a despontar.


Pra você que tem medo que eu vá

Eu vou e fico longe pra não assustar.


Pra você que tem medo que eu vá

Eu canto uma canção e

espero um sonho-vivo-novo pra te acordar!


Pra você que tem medo que eu vá

Eu vou encontrando novas cores, novos tempos e outros meios de estar.


Somente pra você, enquanto tiver medo.

Que eu vá!

25.8.11

.:: A lógica do tempo ::.


Remexendo no baú do tempo, dei conta de encontrar sonhos há muito perdidos

Palavras proferidas um dia, numa estrada já esquecida

E ao renovar o olhar sobre o antigo dei por falta o que não passou

Dei por sonho o que se realizou

E dei por findo o que nunca acabou.

Todo o tempo que se esvai cai calmamente da minha mão

Escorrega como areia fina e branca em dia de verão...

É tempo de recomeçar o perdido, esquecido, acabado

Tempo de condenar o solto vento à palma da minha mão

Tempo de vestir novos olhares e descansar da escuridão.

Tempo, tempo...

Se esvai calmamente como um canção.

Dá-me impressão de choque de intuição

Esse tempo de re-imprimir velhas impressões.

Tempo de entender as predileções

Tempo de reviver o que é novo em antigas direções.

8.7.11

.:: Di-vagar! ::.


Eu ando devagar e noto, que muitas horas minhas são menos horas que de outros.

Percebo que meu andar atarefado de forma incerta acerta no que vai devagar.

O meu caminhar é sozinho e tem companhia de sombras diversas de um tempo remoto.

Meu agitar constante de vulcão, esconde incorrupto a lava incandescente que desce....

V

A

G

A

R

O

S

A

M

E

N

T

E

Destruidor!

Meu passado é pressagio do antigo-novo-velho-intacto.

Por acaso, noto que o acaso anda a me espreitar.

Alcoviteiro vem devagar e se lança, faz uma dança e tenta me alcançar.

Eu

E

S

C

O

R

R

O

Devagar!

E me olho por uma fresta de uma porta e encontro menos de hoje e tudo de ontem reconfigurado.

Meus sonhos são alados, mas as palavras me reorganizam.

Ora minha, ora de outro.

Poetizam...

É quase inadequado algum pranto, que parece estar aqui.

Oculto entre véus, céus, léus, em algum canto.

Canto escondido bem claro e em alta voz.

Voz macia e leve de dentro que nina minha alma de fora, as vezes sem acento.

Me assento.

Me centro.

E num instante, tudo a recomeçar...

Porque ainda que tudo corra,

Que o mundo morra,

Apressadamente eu ando a d i v a g a r . . . .